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Nas últimas páginas do livro "O Rei de Ferro" de Maurice Druon deparei-me com um pormenor curioso que gostaria de partilhar aqui.

«Foi preciso segurar-lhe a mão para que ele pudesse assinar o pergaminho. Depois murmurou:
— É tudo?
Mas não, não era tudo, e o último dia do rei da França não tinha ainda acabado.
— É preciso, sire, que agora passeis a vosso filho o segredo real — disse o Grande Inquisidor.
E mandou esvaziar o quarto a fim de que o rei transmitisse ao filho o poder misterioso de curar escrófulas.
Com a cabeça atirada para trás, Filipe, o Belo, gemeu:
— Irmão Reinaldo, olhai o que vale o mundo. Eis o rei da França.
No instante de sua morte, ainda exigiam dele um último esforço para ensinar ao seu sucessor como aliviar uma doença benigna.
Não foi Filipe, o Belo, quem ensinou os gestos e as palavras sacramentais: ele os esquecera. Foi o Grande Inquisidor. E Luís de Navarra, ajoelhado junto de seu pai, as mãos ardentes e unidas às mãos geladas do rei, recebeu a herança secreta.»

"Escrófula" é definida como uma inflamação dos gânglios linfáticos submandibularese cervicais, que está associada à Tuberculose. Históricamente é conhecida como "Mal de Rei", uma vez que existia a crença que as pessoas afectadas pela doença seriam curadas pelo toque do Monarca inglês ou francês. Foi um costume usado na Inglaterra até inícios do século XVIII.

Desde 1633 o "Book of Common Prayer" da igreja Anglicana, continha uma cerimónia para esta "cura", e tradicionalmente oMonarca presenteava a pessoa em que tocava com uma moeda. Acreditava-se que estas moedas curavam doenças, traziam boa sorte e podiam influenciar o comportamento das pessoas.

«Belo e ambicioso, Filipe IV, ousa invadir os domínios dos Templários. Em 1307 encarcera os membros desta ordem, e em 1314 manda executar um dos mais poderosos homens de então, Jacques de Molay. Negando até ao fim as acusações de que era alvo, o Grão-Mestre da extinta ordem lança sobre o rei Filipe IV uma maldição que se prolongaria até à sétima geração.
Num cuidado e vivo retrato do século XIV, dos meandros de poder e intriga que levarão à Guerra dos Cem anos, Maurice Druon segue o rasto dos descendentes de Filipe IV. Tendo o próprio rei morrido um ano após a condenação do templário – assim como o Papa que permite a sua prisão – a sua descendência vivera a doença, o crime, o envenenamento.
"O Rei de Ferro" é o primeiro de sete títulos incluídos no ciclo "Os Reis Malditos". Aqui germina a maldição que afectará toda a descendência de Filipe IV. Conhecido pela sua beleza, ele tudo fará para manter um poder absoluto sobre o reino. A ambição leva-o à cobiça da fortuna dos Templários. Acusando-os de heresia, confisca todos os seus bens, mas não voltará a ter paz... » Circulo de Leitores

Um mês depois da morte do escritor, tive o prazer de terminara leitura do primeiro livro da Saga "Os Reis Malditos". A minha atenção já tinha sido despertada para a história, mas só agora tive a possibilidade de a começar a ler.

Este "Rei de Ferro" é um livro muito bem escrito que desliza pelos nossos olhos com uma fluidez impressionante. A história está muito bem contada e o desenvolvimento das personagens (todas personalidades da história e portanto pessoas reais) está muito bem estrututado.

É uma história que nos dá um vislumbre dos tempos mais antigos da história deste nosso mundo, com pormenores autênticos, e verdadeiramente apaixonantes, que nos colocam num mundo totalmente diferente daquele a que estamos habituados (sem nunca nos deixar esquecer que foi o mundo em que viveram os nossos antepassados).

Absolutamente recomendável!

Recentemente, numa conversa com uma das minhas Tias, descobri que uma das suas memórias literárias mais antigas é acerca de um romance que leu quando ainda era uma adolescente chamado "O Solar dos Castanheiros".
Há 35 anos (ou mais!!!) e ela ainda se lembra do nome da história, do autor, e claro, da trama em si, o que para mim é um facto maravilhoso uma vez que, mesmo no que diz respeito aos livros mais marcantes da minha vida, os pormenores escapam-se da minha mente como enguias da mão do pescador!
Claro que não descansei enquanto não li o livro, o que não foi fácil considerando que não há edições recentes do mesmo.
A escritora, Mdme Alphonsine Vavasseur-Archer Simonete (1836-1952) usava o pseudónimo de Max du Veuzit, no tempo em que editar livros ainda não era um privilégio das mulheres.
O Romance conta a história de Solange, uma rapariga que termina a sua educação num colégio de freiras e que vai viver para junto da mãe, eternamente de luto desde a morte do marido, que a filha nunca conheceu. Por esta altura, Solange descobre que a propriedade que pertencia a seu pai vai ser vendida a um estranho e sedenta de informação sobre a figura paterna, faz amizade com aquele que foi o seu mais fiel criado de forma a sabe os verdadeiros factos ligados ao seu desaparecimento.

É uma história que se lê rapidamente, e que nos transporta para um tempo em que as pessoas eram simples e o mundo era mais tranquilo e mais puro. Além disso é o verdadeiro do romance, que nos faz chorar de alegria no fim porque às vezes só precisamos de algo que nos aqueça o coração.

Só me resta agradecer à minha Tia por esta herança tão inusitada, de tempos longínquos.

Há alguns anos atrás disseram-me que este livro era essencial para a compreensão do ser humano, e portanto indispensável para a formação que estava a desenvolver no momento. Li-o com o espírito de obrigação e não gostei. Nem gostei, nem compreendi!
Naquele tempo os livros de apoio à leitura eram um luxo que não me podia permitir, e só agora, na "geração internet" é que pude aprofundar a verdadeira essência do conto de Kafka (muito graças a uma análise que li no Estante de Livros e que me levou a dar uma segunda oportunidade ao escritor!)

Depois de tantos anos a dizer mal do livro, finalmente consegui perceber o seu objectivo e pergunto-me como pude ser tão "Mente Fechada"a primeira vez que o li.
Samsa, o indivíduo que se transforma em insecto, é um ser esmagado pela sociedade, que tem um emprego que odeia, mas que mantêm para que posso sustentar a família, um conjunto de parasitas, que vivem à custa dele, simplesmente porque é mais fácil. Quando Gregor Samsa adoece e deixa de trabalhar (por se ter supostamente transformado num insecto!) a família, mais uma vez, opta pela solução mais simples, que é ignorar Samsa e arranjar outro meio de subsistência.

É um livro pequenino, que retrata com muita crueza o comportamento dos seres humanos perante a diferença. Acredita-se que a"metamorfose" seja a representação da doença mental. Pensando bem, não seria difícil Gregor cair numa depressão tão profunda, devido ao esforço que executava diariamente para viver com o peso familiar, que ficaria completamente alheado do mundo.
A verdade é que não é um livro verdadeiramente agradável! Evoca cheiros e ruídos verdadeiramente assustadores. No entanto, não posso tirar o mérito ao escritor, porque é esse facto que permite compreender a repugnância e o medo que a família sente dele bem como ajudar o leitor a compreender as dificuldades inerentes à sua transformação.
Entretanto, Boas Leituras!

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