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(Con)Textos III

«Era uma pessoa soberana por dentro, e isso é muito raro hoje; ser independente, tanto em mulheres como em homens, é uma qualidade rara. Parece que não é uma questão de origem e de situação. Não era possível ofendê-la, ou colocá-la numa situação que a embaraçasse, não suportava as limitações, em nenhum sentido. E ainda sabia algo mais que é raro num carácter feminino: conhecia a responsabilidade dos seus próprios valores humanos. Lembras-te quando nos encontrámos pela primeira vez no quarto, junto da mesa ampla, onde estavam espalhadas as partituras e cadernos do pai: Krisztina entrou e o quarto pequeno e escuro, de repente encheu-se de luz. Não foi só a juventude que ela trouxe consigo, não. Trouxe também a paixão, o orgulho, a consciência soberana dos sentimentos incondicionais. Nunca conheci nenhuma outra pessoa que fosse capaz de responder tão plenamente a tudo o que o mundo e a vida lhe ofereciam: à música, a um passeio na floresta matinal, à cor e ao perfume de uma flor, à palavra sábia e justa duma pessoa. Ninguém sabia tocar num tecido fino, ou num animal daquela maneira, como a Krisztina. Não conheci ninguém que fosse capaz de se alegrar com as coisas mais pequenas da vida, como ela: pessoas e animais, estrelas e livros, interessava-lhe tudo, sem ser presunçosa, nem se armar em sabichona, mas aproximava-se de tudo o que a vida lhe dava e mostrava, com a alegria incondicional duma criatura que veio ao mundo para desfrutá-lo. Como se tivesse uma ligação íntima com todos os fenómenos do mundo, percebes?»
Sandor Márai, "As Velas Ardem até ao Fim"

8 comentários:

Faz-nos desejar ser assim...

terça-feira, fevereiro 27, 2007 10:38:00 da manhã  

Bom blog que aqui têm! :)
Posso por-vos nos favoritos lá da minha barraca?

Ass.:

Marta Brito

terça-feira, fevereiro 27, 2007 5:39:00 da tarde  

Olá Marta!

Claro que podes e, se não te importares, retribuimos-te a gentileza porque a tua barraca também é muito do nosso agrado!!!

Beijinhos,
Mizar (B.)

terça-feira, fevereiro 27, 2007 9:48:00 da tarde  

Não me importo nada :) o vosso blog vai fazer parte das minhas leituras!

Beijinho

terça-feira, fevereiro 27, 2007 10:28:00 da tarde  

Parece sublime!

quarta-feira, fevereiro 28, 2007 2:11:00 da tarde  

Para que fique registado, este texto inclui a Alcor no postal de aniversário que me escreveu por altura do meu 23º. (Estraga-me com mimos esta minha amiga!)

Passados dois anos aqui estamos nós e eu posso com toda a certeza dizer que é ela quem encaixa nesta definição de força e beleza feminina!

Mizar

sábado, março 10, 2007 11:41:00 da manhã  

Este foi um dos livros que mais prazer me deu ler e comentar.

Li-o obessessivamente creio que em dia e meio...

Totalmente viciante e mágico!

CSD

quarta-feira, março 21, 2007 10:12:00 da manhã  

Ah!
Minha muito cara Mizar, só hoje é que vi este teu comentário! Ainda bem que decidi andar a cuscar por aqui, caso contrário iria certamente passar-me ao lado para todo o sempre!
Tão linda que até me vieram as lágrimas aos olhos!!!

Apesar de tudo, tenho de discordar! Qual força, qual beleza???

Beijo doce cheio de saudades!

quinta-feira, maio 10, 2007 8:38:00 da tarde  

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