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(Con)Textos

Dentro do espirito literário deste Blog e face à necessidade de partilhar "algo mais" do que o que vem sendo escrito até agora, lançamos estes (Con)Textos.
(Con)Textos é uma rúbrica ao jeito de "quandocalhário" (Obrigada BR, Partes Infinitesimais), com a característica de apresentar aquilo que "fica de fora".
Ou seja, temos colocado sugestões de leitura e opiniões, mas alguns livros são tão ricos e alguns escritores têm vidas tão apaixonantes que é imperativo relatar esses parágrafos que podem mudar as nossas vidas, ou esses episódios biográficos que são exemplos de coragem e determinação.
E para inaugurar este novo espaço, que outro tema poderia ser escolhido que não o Amor, esse sentimento que nos preenche e que nos habita, transformando-nos naquilo que faz de nós Pessoas completas.

«Na vida, concluiria um dia, todos têm direito a um grande amor. Uns achá-lo-iam num cruzamento perdido e com ele seguiriam até ao fim do caminho, teimosos e abnegados, até que a morte desfizesse o que a vida fizera. Outros estavam destinados a desconhecê-lo, a procurarem sem o descobrirem, a cruzarem-se numa esquina sem jamais se olharem, a ignorarem a sua perda até desaparecerem na neblina que pairava sobre o solitário trilho para onde a vida os conduzira. E havia ainda aqueles fadados para a tragédia, os amores que se encontravam e cedo percebiam que o encontro era afinal efémero, furtivo, um mero sopro na corrente do tempo, um cruel interlúdio antes da dolorosa separação, um beijo de despedida no caminho da solidão, a alma abalada pela sombria angústia de saberem que havia um outro percurso, uma outra existência, uma passagem alternativa que lhes fora para sempre vedada. Esses eram os infelizes, os dilacerados pela revolta até serem abatidos pela resignação, os que percorrem a estrada da vida vergados pela saudade do que poderia ter sido, do futuro que não existiu, do trilho que nunca percorreriam a dois. Eram esses os que estavam indelevelmente marcados pela amarga e profunda nostalgia de um amor por viver.
A vida é realmente um caldeirão de mistérios, a começar pelos mais simples, pelos mais ingénuos e inocentes, por aqueles que estão na génese da nossa existência.»

Pelas palavras de José Rodrigues dos Santos, no livro "A Filha do Capitão", Gradiva.

2 comentários:

Muito bem dito.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007 12:00:00 da tarde  

Ora aí está o meu livro preferido do JRS.
Parabéns pelo novo espaço.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007 2:46:00 da tarde  

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