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A Praia Roubada é uma história original. Joanne Harris inventa uma pequena ilha, com duas comunidades: Uma (La Houssinière), que protegida do vento e das correntes marítimas consegue prosperar e enriquecer à custa do turismo; a Outra (Les Salants), mais exposta às condicionantes marítimas, vai definhando ao sabor do vento e das inundações à custa da subida do mar.
Mas a história não é assim tão simples. Para além de todos estes problemas relacionados com o ambiente físico, temos as rivalidades. Entre comunidades: Os Salannais não suportam os Houssins, e vice-versa. Anos de pequenos atritos e o facto de La Houssinière ter prosperado, causam tensão entre as pessoas, que fazem tudo o que podem para se prejudicar mutuamente.
Para além disso, dentro da própria comunidade, com particular relevância para Les Salants (uma vez que a personagem principal é uma Salannais que volta a casa), existem antigas rivalidades entre as famílias. À custa de boatos, pequenas discussões, suspeitas sem fundamentos, os Salanais em vez e se unirem de modo a lutar para que a sua comunidade prospere, vão lutando entre si, discutindo.
A única coisa que os une, é mais tarde, a luta para que a sua aldeia não se afunde nas àguas agitadas, e aí sim, funcionam como uma verdadeira comunidade, afogando pequenas reservas uns dos outros e trabalhando em conjunto contra La Houssinière.
O livro conta a história desta luta. Mas lembra um pormenor engraçado: confiar nos forasteiros, sem sabermos nada deles, pode trazer consequências graves. Além disso, tal como se repete muitas vezes ao longo do livro, "tudo retorna", e roubar uma praia pode ter consequências graves!

Um livro que evoca a mesquinhez de viver numa pequena aldeia: os boatos, as "cusquices", e claro as reservas antigas que temos muita dificuldade de ultrapassar. No entanto, foi um livro que me custou bastante ler. Só no fim consegui encontrar aquela fluidez que nos acompanha quando lemos um livro que gostamos, em que as páginas parecem voar.
Não posso dizer que é um mau livro: tem uma história consistente, engraçada e até original. No entanto falta-lhe qualquer coisa: não consigo definir bem o que é, mas talvez seja aquela magia, que nos levanta os pés do chão e nos faz querer mais e mais, chegando ao ponto de ficarmos tristes por o livro ter acabado.

Boas Leituras!

10 comentários:

A minha opinião é semelhante à tua... talvez com a excepção de me parecer ter gostado um bocadinho mais do livro do que tu:) Talvez tenha achado as personagens um pouco superficialmente descritas, mas fora isso gostei bastante.

quarta-feira, agosto 08, 2007 12:19:00 da tarde  

Acho que o início deste livro me prejudicou. Como já te disse, meti-lhe 3 livros pelo meio, porque quando o comecei a ler não me consegui ligar ao livro e não me apetecia lê-lo!
Acho o início confuso, com muita misturada de personagens e acabamos só por saber mais tarde de onde elas vêm e quem são!!! E sim, as personagens não são muito desenvolvidas porque são imensas! Só depois do meio, é que a história acaba por ficar um bocadinho mais fluida e agradável.
Quando temos de fazer esforço para ler um livro, à partida é mau sinal...! ;)
Mas não posso dizer que não gostei! Acabou por se redimir no fim... mas não muito!

quarta-feira, agosto 08, 2007 1:34:00 da tarde  

Acho que entendo um pouco o que querem dizer...apesar de gostar sempre da prosa de Jh.

Penso que se passa o seguinte: o ambiente agreste da ilha e, provavelmente, o azedume das população salannaise, torna o romance um pouco como a paisagem que o descreve,ou seja, de uma aridez corroída pelo salitre com pessoas encolhidas e curvadas na tentativa de se protegerem dos ventos marítimos e da pobreza que espreita por todas as frinchas.

O que não deixa de ser realista,e que faz com que não seja um livro mau como disse e muito bem a Miss Alcor.

Aliás eu duvido que a Joanne consiga escrever um livro mau...

Mas neste caso, o problema é que em vez de nos defrontarmos com o lado doce da natureza humana enfrentamos o sal que se infiltra nas feridas...

...e nas memórias deturpadas por ódios, invejas e maldizer...

Beijos


CSD

quarta-feira, agosto 08, 2007 3:32:00 da tarde  

Cláudia, tenho admitir que conseguiste ler a Joanne Harris bem melhor do que eu.
Eu não vi as coisas assim, e custou-me um bocadinho pegar no livro. Mas visto desta maneira, faz todo o sentido. Tornar o livro tão agreste como a ilha, acaba por nos fazer sentir o que eles sentem.
Boa ideia! ;)

quarta-feira, agosto 08, 2007 4:08:00 da tarde  

Comecei (finalmente!!) a ler o livro, e também estou a achar o início um bocado difícil… Mas se lá para o meio melhora vou continuar a ler, e até agora estou a adorar o Flynn! =)

quarta-feira, agosto 08, 2007 11:51:00 da tarde  

Dawn, eheheh!
Vai lendo... vai lendo... eheh! ;)
E depois diz-me qualquer coisa! ;)

quinta-feira, agosto 09, 2007 10:13:00 da manhã  

O meu primeiro comentário aqui:) Finalmente vim, há séculos que queria vir, chego e encontro estes post sobre a Joanne Harris, de quem gosto muito.

A Praia Roubada li quase sem parar, era totalmente impossível fazê-lo. Tenho de ver se avanço para o do teu post acima, Os cinco quartos de laranja:)

quinta-feira, agosto 09, 2007 11:32:00 da manhã  

Paulete, obrigada pela tua visita! ;)

Infelizmente tenho de admitir que este não é dos meus livros preferidos da J.H.! Adorei o Chocolate, e (embora tenha gostado um bocadinho menos) também gostei bastante do "Na Corda Bamba" e do "Cinco Quartos de Laranja".

quinta-feira, agosto 09, 2007 12:03:00 da tarde  

O Chocolate também é óptimo. Gosto de ele recorrer muito aos sentidos, tudo cheio de cores, cheiros, etc. tens de lhe dar uma 2.ª hipótese:)

I'll be back;)

quinta-feira, agosto 09, 2007 12:14:00 da tarde  

Eu vou apresenter o fileme e o livro no "Cineliterário" de Outubro. é claro que estão todos convidados. A entrada é livre...

CSD

sexta-feira, agosto 17, 2007 4:09:00 da tarde  

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