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(Con)Textos VII

«Eu era sempre o primeiro a saltar para o cais; nunca punha o pé entre duas lajes da calçada; gostava de adivinhar que o número de cápsulas de garrafas espalhadas pelo chão dos cafés era sempre um número impar e não me enganava. Tive até a sorte de poder escrever o seu nome com as letras das matrículas dos cinco primeiros táxis com que me cruzei. Consegui atravessar a passagem subterrânea de Karaköy de uma ponta à outra, sem respirar. Fui postar-me diante as janelas do seu apartamento em Nisantasi e contei até nove mil sem me enganar. De entre os meus amigos deixei de falar com aqueles que não sabiam que o seu nome significava ao mesmo tempo Deus, alma gémea e bem-amada. Ao reparar que os nossos nomes rimavam – Janan, Osman -, compus uma pequena lengalenga melodiosa destinada a embelezar o nosso convite de casamento já impresso na minha imaginação. Telefonei para casa de Janan vinte e oito vezes, disfarçando sempre a voz, adaptando-a a vinte e oito identidades diferentes, e nunca voltava a casa sem ter invocado o seu nome trinta e nove vezes utilizando letras que ia buscar a cartazes e reclamos luminosos.» Orham Pamuk, A Vida Nova

Amor arrebatador, ou simples paranóia sufocante??? Eu apostaria na segunda hipótese...

Créditos da imagem

7 comentários:

Mas que está brilhantemente escrito está, concordas?

Fabuloso... cada vez me aguças mais o apetite para le o Pamuk!

Beijinhos a todos,
Mizar

sexta-feira, maio 11, 2007 3:59:00 da manhã  

Uma imaginação fértil? De certeza:)

sexta-feira, maio 11, 2007 10:01:00 da manhã  

Seja muito bem aparecida minha cara Mizar. ;)
O que tentei fazer com este capítulo era mesmo mostrar o sufoco que sentimos quando lemos esta parte. Eu acho que está brilhantemente escrito. Aliás, até ficamos sem fôlego a ler o que ele escreve. Se não fosse a parte dos acidentes de autocarro e o ritmo frenético, este livro seria perfeito. Mas quando li esta parte, TU sabes de quem me lembrei! Eheh. Beijo!

Canochinha, uma imaginação muuuiiito fértil, que me fez lembrar o sufoco de uma relação em que ambas as partes não estão no mesmo comprimento de onda! ;)

sexta-feira, maio 11, 2007 11:59:00 da manhã  

Acabarei por ler :) mas lá mais para a frente, porque ainda tenho uma pilha de outros em espera ...
Bom fds!

sexta-feira, maio 11, 2007 2:07:00 da tarde  

Um grande amor..um amor arrebatador...que, mais tarde, pode-se tornar, para ele ou para o destinatário, num grande sufoco e num grande vazio.

sexta-feira, maio 11, 2007 2:24:00 da tarde  

Custódia, a nossa lista já rasa o tecto!!! Tantos livros, tão pouco tempo!!!

Menphis, não posso revelar a história... senão perdia a piada... mas é mais ou menos isso! ;)
O protagonista anda muito tempo à procura de algo, quando no fundo, o mais importante é o que temos no aqui e no agora. Há que valorizar o que temos... o livro mostra isso mesmo!

sexta-feira, maio 11, 2007 2:35:00 da tarde  

Ainda não linada dele, mas estou com muita vontade!

A imagem é fascinante pelo mistério e curiosidade que desperta...

CSD

segunda-feira, maio 14, 2007 5:45:00 da tarde  

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