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(Con)Textos XII

«O amor de alguém é um presente tão inesperado e tão pouco merecido que devemos espantar-nos que não no-lo retirem mais cedo. Não estou inquieta por aqueles que ainda não conheces, ao encontro de quem vais e que porventura te esperam: aquele que eles vão conhecer será diferente daquele que eu julguei conhecer e creio amar. (...)
Gherardo, não te enganes sobre as minhas lágrimas: vale mais que os que amamos partam ainda quando conseguimos chorá-los. Se ficasses, talvez a tua presença, ao sobrepor-se-lhe, enfraquecesse a imagem que me importa conservar. Tal como as tuas vestes não são mais que o invólucro do teu corpo, assim tu também não és mais para mim do que o invólucro de um outro que extraí de ti e que te vai sobreviver. Gherardo, tu és agora mais belo do que tu mesmo.» Marguerite Yourcenar, "Sistina".

Acho que é assim mesmo: a imagem que temos dos outros, somos nós que a contruimos. Nunca conhecemos ninguém verdadeiramente. Conhecemos apenas aquilo que queremos ver.

Boas Leituras!

9 comentários:

Epá, mas que bonito. Isto até dá vontade de chorar :) A senhora estava decididamente inspirada!

quinta-feira, outubro 25, 2007 9:36:00 da tarde  

Sabia que ías gostar!
E ainda acham que a 7ª arte é superior a isto!!!
;)

quinta-feira, outubro 25, 2007 9:39:00 da tarde  

Muito lindo,sim senhor! Que momento de magia, ternura e emoção feito com palavras :) Há autores que têm, claramente, um dom.

sexta-feira, outubro 26, 2007 10:27:00 da manhã  

Grande escolha :) Adoro a Yourcenar!

sexta-feira, outubro 26, 2007 3:32:00 da tarde  

Soube-me tão bem ler estas palavras.

Obrigado ;)

sexta-feira, outubro 26, 2007 5:33:00 da tarde  

Lindíssimo! E tão verdadeiro que chega a ser assustador!

domingo, outubro 28, 2007 1:48:00 da manhã  

Sem dúvida!! A verdade é que a imagem que construímos dos outros é tão forte, por vezes, que por mais que tentem mostrar-nos outra faceta os nossos olhos nem sempre a querem ver.
O excerto é lindíssimo.
Um beijinho

quarta-feira, outubro 31, 2007 9:13:00 da manhã  

Não poderia concordar mais :) Lindíssimo!

De certo modo, tal como os outros, também somos a construção daquilo que queremos ver em nós próprios. :)

Beijos

domingo, novembro 11, 2007 10:28:00 da manhã  

Bom, acho que vou ter de comprar este livro. Nunca tinha ouvido falar desta obra de Yourcenar. Óptima escolha!

quarta-feira, novembro 14, 2007 12:46:00 da manhã  

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