«Meto-me para dentro, e fecho a janelaTrazem o candeeiro e dão as boas noites,
E a minha voz contente dá as boas noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto:
O dia cheio de sol, ou suave de chuva
Ou tempestuoso como se acabasse o Mundo,
A tarde suave e os ranchos que passam
Fitados com interesse da janela
O último olhar amigo dado ao sossego das árvores.
E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,
Sem ler nada, nem pensar em nada, nem dormir,
Sentir a vida correr por mim como um rio por seu leito,
E lá fora um grande silêncio como um deus que dorme.»
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos
3 comentários:
Mensagem mais recente Mensagem antiga Página inicial
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Gosto bastante de Fernando Pessoa, apesar de não ser propriamente fã de poesia. E o Alberto Caeiro é o meu heterónimo preferido ;)
Bonito poema.
Célia disse...
sábado, outubro 06, 2007 10:23:00 da manhã
Maravilhoso!
Identifico-me com estas palavras de Alberto Caeiro.
Fernando pessoa é um Mestre e partilho da mesma preferência da Canochinha! :)
Beijinhos
susemad disse...
sábado, outubro 06, 2007 10:57:00 da manhã
Lindíssimo! Junto-me a vocês na admiração por Fernando Pessoa, o meu heterónimo preferido não é Alberto Caeiro, mas sim Ricardo Reis, melhor do que este só mesmo o Ortónimo (poemas mais fascinantes do que os da Mensagem não se encontram!).
Maria Natália Pinto disse...
domingo, outubro 07, 2007 2:21:00 da manhã