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(Con)Textos XV

«Montse estava consciente de que da mesma forma que tinha mudado para sempre, também Barcelona tinha sofrido uma profunda transformação como consequência da guerra, com que ambas - se falo no plural é porque entendo que as cidades são entidades vivas- corriam o risco de não se reconhecerem mutuamente. Por isso, se Montse tinha medo de se reencontrar com o passado, com as suas recordações, com as ruas da sua infância, agora sulcadas pelo rasto visível da guerra, era porque em muitos casos os processos de catarse acabam por mostrar que deixámos de pertencer a um lugar porque mudaram os enunciados que dão sentido à nossa vida.» O Mapa do Criador, Emilio Calderón

Será possível que aquele lugar que conhecemos como "casa", deixe de o ser à custa das circunstâncias da vida?
E se não pertencemos à casa que conhecemos desde sempre, onde pertenceremos? E se não podemos voltar para "casa", onde vamos encontrar conforto quando a vida não nos corre de feição?

5 comentários:

Acho que sim, que a nossa "casa" a determinada altura da vida pode deixar de o ser. E não é necessariamente porque o local em causa mudou, mas é principalmente porque a nossa maneira de ser e a forma como encaramos a vida vai-se alterando à medida que crescemos e vivemos.

sexta-feira, fevereiro 08, 2008 10:39:00 da manhã  

Acho que o nosso crescimento faz com que a nossa casa se vá alterando. Precisamos de nos libertar da 'casa' que sempre foi nossa e criamos amarras noutros sítios. É um processo de evolução.

sexta-feira, fevereiro 08, 2008 12:34:00 da tarde  

Pertinentes questões. Sou da opinião de que nunca devemos criar amarras demasiados fortes. Por vezes é preciso quebrá-las e depois é tão mais difícil ...

sexta-feira, fevereiro 08, 2008 1:15:00 da tarde  

É complicado não nos reconhecermos naquele lugar que sempre consideramos tão nosso. Por momentos entramos e tudo em nós já não é o mesmo e então aquele lugar também já não é o nosso. Nessas alturas perdemo-nos em pensamentos, que não mais voltarão ao nosso lugar de pertença! E então saímos e a porta fecha-se atrás de nós e em silêncio sabemos que não mais voltaremos àquele lugar, que outrora foi o nosso mundo, o nosso refúgio, a nossa concha onde nos sentávamos.

sexta-feira, fevereiro 08, 2008 3:31:00 da tarde  

Nascer pequeno, e morrer grande é chegar a ser homem, Por isso nos deu Deus tão pouca terra para o nascimento e tantas terras para a sepultura. Para nascer, pouca terra: para morrer, toda a terra: para nascer, Portugal: para morrer, o mundo. "_ Padre António Vieira

Nem de propósito, lembrei-me desta frase quando vi este post. Acredito que a nossa casa é o mundo, são os lugares onde me sinto bem, com as pessoas que me fazem sentir bem.

sábado, fevereiro 09, 2008 9:24:00 da tarde  

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