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(Con)Textos XVI


«Levantou uma mão, dobrou os dedos e pensou, como já outras vezes pensara, de que maneira aquela máquina de agarrar, aquela aranha carnuda que se encontrava na extremidade do seu braço lhe pertencia, como podia estar inteiramente às suas ordens. Ou teria vida própria? Dobrou um dedo e esticou-o. O mistério estava no instante antes de ele se mexer, no momento em que a sua intenção produzia efeito. Era como uma onda a rebentar. Se conseguisse, ao menos, encontrar-se a si mesma na crista dessa onda, talvez encontrasse o seu próprio segredo, aquela parte de si que estava de facto a controlar a situação. Aproximou mais o indicador do rosto e olhou para ele, instigando-o na mexer-se. Mas ele continuava imóvel porque ela estava a fingir, não estava a falar a sério, e porque querer que ele se mexesse, ou estar prestes a mexê-lo, não era a mesma coisa que mexê-lo de facto.» Expiação, Ian McEwan

Há livros que são tão maravilhosos, que a única pena é mesmo não ter a possibilidade de os transcrever na totalidade, se bem que há pequenos excertos que falam por si mesmos, sem precisar de mais nada a acompanhar.

5 comentários:

Lembro-me tão bem dessa parte e de a ter achado fantástica! Como tantas outras ao longo do livro... é realmente de génio. Todo o livro merecia ser transcrito :)

quarta-feira, fevereiro 27, 2008 8:43:00 da tarde  

trecho muito bem escolhido...

quinta-feira, fevereiro 28, 2008 2:38:00 da manhã  

Trecho muito bem escolhido...

quinta-feira, fevereiro 28, 2008 2:38:00 da manhã  

É bom reler o que gostámos e continuamos a gostar :)

quinta-feira, fevereiro 28, 2008 2:24:00 da tarde  

Não vi o filme e também não li o livro. :(
O filme já não verei no cinema, com muita pena minha, mas o livro ainda o irei ler. :)
Bonito excerto!
Beijinhos

sexta-feira, fevereiro 29, 2008 11:54:00 da manhã  

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