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Reflexão Literária

Antes de mais é necessário dizer que este post surge depois de ter lido o livro referido no post anterior! Já não é a primeira vez que falo aqui disto, se bem que me parece que cada vez é um assunto mais importante de discutir!

Quando se trata de ler, devemos ler o original, ou a versão traduzida?

Se bem que o original nem sempre está ao alcance de todos (por exemplo Russo, ou Japonês), a maioria dos livros que se atravessam nas nossas mãos provém de autores de lingua inglesa, esta sim mais acessível a uma maioria. Por outro lado, é de referir a comodidade de ler um livro na nossa língua mãe! Alguém já teve o trabalho de o traduzir, e a nós só nos cabe a tarefa de o interpretar, ao passo que fazer as duas coisas ao mesmo tempo é deveras mais complicado! No entanto, até que ponto podemos confiar na versão traduzida que nos chega às mãos, normalmente 50% mais cara que a versão original?

Antes de mais é necessário referir um aspecto importante: Um livro é uma visão de alguém. Seja bom ou mau, não deixa de ser uma visão que alguém aceitou editar! Considerando que os livros sofrem alterações, quando são editados e publicados, para amaciar certas ideias do autor, este é um facto com o qual o autor concorda, e do qual tem conhecimento. Mas será que a partir do momento em que um livro é editado deixa de pertencer ao autor e pode ser modificado por qualquer um que o queira re-editar, ou traduzir?

Tudo isto para dizer o quê: há livros que são traduzidos, e cujo conteúdo não está conforme a versão original, a apesar de o consumidor não ser informado deste facto!
O livro em questão, é o referido anteriormente "A Filha da Profecia", que para além de ter um título muito mal traduzido (o original em inglês é "The Child of the Profecy, ao passo que o título em português deixa antever que a criança é uma menina, sem deixar que o leitor o descubra no livro!), não está conforme a versão original da autora, porque não foi traduzido um aspecto muito importante no final do livro.
Como não posso contar a história, tenho de referir que é um aspecto importante, e que ainda por cima acrescentava uma beleza extra à parte final do livro.

Agora pergunto: quem dá legitimidade ao tradutor para modificar a visão original do escritor , e traduzir o livro a seu belprazer, sem qualquer preocupação pelo produto final! E pior do que tudo isto, é o papel do consumidor, que paga um livro que não está completo porque não foi fiel ao original, e para piorar toda esta situação, nem sequer sabe que está a ser alvo de um engano!

Agradeço à Canochinha, pela sua simpatia em me transmitir todas estas informações importantes, e por me ter dado a conhecer o final original do livro, conforme visão da autora.

Aos senhores Maria e Nuno Lorena, que traduziram este livro, os meus sinceros parabéns por um trabalho muito mal feito! Neste agradecimentos não me posso esquecer da Bertrand, a marca que comercializa o livro, e claro ao seu fabuloso gabinete de controlo de qualidade: pior do que reclamar sem razão, é mesmo não haver sequer a hipótese de reclamar, porque o cliente não tem conhecimento que está a ser enganado.

4 comentários:

Sinceramente, não sabia desta errata e, embora já tenha achado o final belo, acho uma vergonha não terem traduzido tudo! =S

A verdade é que o trabalho de tradutor é árduo e é muito raro alguém conseguir transmitir completamente o texto original. Aliás, é impossível, pois além de estar numa língua diferente há expressões que não são utilizadas na língua traduzida e, quer queiramos quer não, a tradução de um texto é sempre uma "opinião" do tradutor.

É difícil arranjar um meio termo. Traduzir letra a letra tiraria a beleza do livro, mas introduzir um pouco a nossa opinião é escrever um livro diferente!

Concordo que o tradutor não tem a legitimidade de alterar o curso de uma cena nem de modificar a visão do autor! A tradução deve ser uma actividade honrosa quando se consegue transmitir completamente a ideia do autor.
Por isso, traduzir deve ser um acto de enorme responsabilidade (o que, pelos vistos, a Bertrand não teve). Ler um livro no original é, acho, sempre mais interessante e sempre mais fácil de chegar à ideia da autora. Porque não houve ali mãos a mais, é "puro".

Ler traduzido ou original, há que ler.

sexta-feira, maio 16, 2008 11:00:00 da tarde  

Vou começar pelo fim. Esses senhores fizeram um péssimo trabalho no último livro da Juliet que traduziram, "O Poço das Sombras". Não os culpo por inteiro, porque também se detectavam muitos erros de revisão, mas haviam erros de tradução indesculpáveis.
Em relação à "Filha da Profecia", houve realmente uma parte que não foi traduzida e eu acho isso a maior falta de respeito para com o escritor e para com as pessoas que lêem os livros.

Não leio mais em inglês por uma questão prática. Dá mais trabalho e demora mais tempo... E a lista de livros por ler é enorme. Mas se pudesse, lia tudo na língua original. Já agora, e voltando à Juliet, o primeiro livro (e único até agora) que li dela na versão original foi o Wildwood Dancing (Danças na Floresta). Posso dizer que foi uma sensação magnífica ler pela primeira vez as palavras tal e qual ela as escreveu :)

sábado, maio 17, 2008 12:21:00 da manhã  

É inacreditável o desmazelo que se tem vindo a verificar por parte dos tradutores. Parece que cada vez mais vêem a tradução como um trabalho e não a divulgação de informação (às vezes até conhecimento) para um vasto público.
No último livro que li também apanhei várias falhas e, se há coisa que me incomoda, é isso.
Espero que as editoras repensem a situação e não 'deixem andar'. Isso só os prejudicaria porque afastaria os leitores.

terça-feira, maio 20, 2008 10:22:00 da manhã  

A tradução é uma área muito delicada que requer muito esforço e dedicação, exigindo que os tradutores acompanhem tantas histórias, culturas e expressões quantas os livros que traduzem.
Há, sim, traduções muito boas que não devem ser menosprezadas. Em termos comparativos, há obras que não perdem o seu encanto original.
Pelo contrário, também há aquelas que matam a essência que o autor criou noutro idioma, pelos mais variados motivos: escasso vocabulário, prazos apertados, más interpretações...
Gosto de ler em português. Quanto a mim, não se trata de preguiça, mas sim do gosto pela literatura portuguesa e traduzida, de forma a poder analisar os textos :)

sexta-feira, outubro 03, 2008 11:10:00 da tarde  

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