Um desses livros, é um exemplar de rara beleza, de uma escritora que nem sempre preza pela magia nos seus exemplares:

Chocolate: Joanne Harris
Dotado de uma magia quase incomparável, este é um exemplo de como os livros nos podem encantar e dar a conhecer a alegria de descobrir novos lugares e novas pessoas, mesmo que sejam apenas fruto da imaginação de um autor.
A beleza de escrever está na capacidade de nos ser apresentada uma história credível, capaz de nos levar a apaixonar por personagens inventadas, chegando ao ponto destas fazerem parte das nossas vidas e de desejarmos que a história continue, pois é um tormento quando chega ao fim. Aí reside a verdadeira beleza, aquela que nos comove, que nos alegra, que nos faz rir às gargalhadas, ou mesmo chorar desesperadamente, pela vida ou morte, de uma personagem que entendemos como real.
Joanne Harris, consegue fazer isso neste livro. Conseguimos ver perfeitamente Vianne Rocher e a sua filha Anouk (com o seu companheiro inseparável Pantoufle!), a caminhar por ruas e ruelas, em busca de sossego e paz nas suas vidas. Imaginamos Lansquenet-sur-Tannes, aldeia pacata e fechada nas suas próprias convicções. Admiramos a persistência de Pere Henri, o padre austero e castrador. Mas mais importante de tudo, é o facto de conseguirmos sentir a mudança. Essa vontade e ao mesmo tempo resistência, a tudo o que vem perturbar um mundo fechado sobre si mesmo, mas que no fim acaba por imperar e levar à transformação de tantas vidas infelizes, como se o sol nunca deixasse de brilhar em Lansquenet-sur-Tannes.
Chegar ao fim é querer saber mais. É querer ver aquele lugar, ver as vidas das pessoas e saber se o vento, quase uma personagem neste livro, vai levá-las mais uma vez na sua aventura interminável pela mudança ou então, aceita as alterações nesta pequena aldeia, como pagamento para deixarem de viver ao seu sabor, empurradas pelas suas sedentas e insistentes lufadas.
«Olhando a Chocolaterie do outro lado da praça, com a sua montra colorida, as floreiras de gerânios cor-de-rosa, vermelhos e cor de laranja nas varandas que ladeiam a montra, sinto a dúvida a insinuar-se subrepticiamente na minha mente e a minha boca enche-se com a memória do seu perfume como natas e malvaísco e açúcar queimado e a mistura estonteante de conhaque e grãos de café frescos. É o perfume de um cabelo de mulher, no sítio exacto onde a nuca se une à concavidade delicada do crânio, o perfume de alperces maduros no verão, de brioches quentes e pãezinhos de canela, chá de limão e lírios -do-vale. É um incenso difuso no vento, desfraldando-se lentamente como uma bandeira de protesto, este rasto de demónio, não sulfuroso, como ensinávamos às crianças, mas o mais leve e evocativo dos perfumes, combinando a essência de mil especiarias, fazendo a cabeça girar e o espírito pairar. Dou comigo no adro de St. Jérôme com a cabeça erguida contra o vento, esticando-me para apanhar o rasto daquele perfume. Ele infiltra-se nos meus sonhos e acordo suado e esfomeado. Em sonhos, empanturro-me de chocolates, rebolo-me em chocolates, e a sua textura não é quebradiça mas tenra como carne, como milhares de bocas no meu corpo, devorando-me em dentadinhas esvoaçantes. Morrer vítima da sua gula terna parece-me o cúmulo de todas as tentações que eu algum dia conheci e, em tais momentos, quase consigo compreender Armande Voizin, a arriscar a vida a cada dentada de deleite.
Disse quase.» Harris, Joanne (1999).Chocolate. Edições Asa
Bom Apetite!
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A data foi escolhida para honrar a velha tradição catalã segundo a qual, nesse dia, os cavaleiros oferecem às suas damas uma rosa vermelha de São Jorge e recebem em troca um livro.
Em simuntâneo, é prestada homenagem à obra de grandes escritores que nasceram ou morreram nesse dia como Shakespeare, Cervantes, Inca Garcilaso de la Veja e Vladimir Nabokov.
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Etiquetas: Sugestões de Leitura

Para assinalar este dia, o IBBY (International Board on Books for Young People) divulga normalmente uma mensagem de incentivo à leitura, este ano escrita pelo Eslovaco Ján Uliciansky, com o título: “O destino dos livros está escrito nas estrelas”. Como o título me parece bastante apropriado, vou transcrever aqui parte da mensagem:
«Os adultos perguntam com frequência o que acontecerá aos livros quando as crianças deixarem de os ler.
Talvez esta seja uma resposta: “Nós carregá-los-emos todos em enormes naves espaciais e enviá-los-emos para as estrelas!”
Uau…!
Os livros são realmente como estrelas num céu nocturno. Há tantos, que não podem ser contados e frequentemente estão tão longe de nós que não ousamos procurá-los. Mas imaginem só como ficaria escuro se um dia todos os livros, esses cometas do nosso universo cerebral, partissem e cessassem de fornecer essa energia ilimitada da imaginação e do conhecimento humanos…»
Quem escreve assim…
Tudo isto porque eu e a Mizar estivemos ontem à conversa (coisa que já não fazíamos há algum tempo!) a acertar pormenores aqui para a Constelação, e chegamos a uma conclusão brilhante. Não podíamos deixar passar ao lado este Dia, porque ambas adorávamos a colecção Uma Aventura!

Quem não se lembra das gémeas Teresa e Luísa, do Pedro, Chico, João, e claro do Caracol e do Faial, ao cães que acompanhavam estes intrépidos companheiros em todas as suas aventuras?
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, fizeram-nos companhia nos nossos longos dias de infância e adolescência! Duas autoras Portuguesas, cujo mérito ninguém lhes pode tirar!
Parabéns às autoras, que ainda hoje continuam a fazer companhia a centenas de jovens, com as aventuras de um grupo que terá sempre um lugarzinho no nosso coração!
Estas foram as nossas "Aventuras" preferidas de todo o sempre! Os créditos das imagens pertencem ao site das autoras, dedicado aos seus livros e às suas vidas.
A Mizar vai passar por aqui no próximo fim-de-semana! Estejam preparados para mais uma brilhante critica, a um livro que vale a pena!
Abraço das autoras!
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