«Levantou uma mão, dobrou os dedos e pensou, como já outras vezes pensara, de que maneira aquela máquina de agarrar, aquela aranha carnuda que se encontrava na extremidade do seu braço lhe pertencia, como podia estar inteiramente às suas ordens. Ou teria vida própria? Dobrou um dedo e esticou-o. O mistério estava no instante antes de ele se mexer, no momento em que a sua intenção produzia efeito. Era como uma onda a rebentar. Se conseguisse, ao menos, encontrar-se a si mesma na crista dessa onda, talvez encontrasse o seu próprio segredo, aquela parte de si que estava de facto a controlar a situação. Aproximou mais o indicador do rosto e olhou para ele, instigando-o na mexer-se. Mas ele continuava imóvel porque ela estava a fingir, não estava a falar a sério, e porque querer que ele se mexesse, ou estar prestes a mexê-lo, não era a mesma coisa que mexê-lo de facto.» Expiação, Ian McEwan
Há livros que são tão maravilhosos, que a única pena é mesmo não ter a possibilidade de os transcrever na totalidade, se bem que há pequenos excertos que falam por si mesmos, sem precisar de mais nada a acompanhar.
Há livros que são tão maravilhosos, que a única pena é mesmo não ter a possibilidade de os transcrever na totalidade, se bem que há pequenos excertos que falam por si mesmos, sem precisar de mais nada a acompanhar.
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"Expiação".
Já terminei a leitura do livro, e já tive tempo de pensar sobre ele. Deitada na cama, olhei para o tecto e quase que me vieram as lágrimas aos olhos quando a história acabou. Não há palavras para o descrever. Pode haver quem o consiga, mas tudo o que eu sei dizer não chega para o fazer.
Começamos com a ficção. Terminamos com uma ficção tão real, que só restam interrogações. Há realmente escritores com um poder tão grande, que só mesmo eles possuem a capacidade de descrever o que quer que seja. Ao lado deles, somos pessoas menores, que só podem olhar para o livro, um objecto tão pequeno, que quase passa despercebido, e não ver apenas letras e folhas, mas sim um monumento, uma obra de arte especial. "Expiação" é um livro assim. Ou aliás, não é um livro, é um representante ao maior nível, daquilo que um livro deveria ser. Também não é uma história, porque qualquer conjunto de linhas estruturado pode ser uma história. É um mundo, é a vida, é a realidade, como só um artista a consegue descrever.
Foi um dos melhores livros que li até hoje, e recomendo-o vivamente.

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«No dia mais quente do Verão de 1935, Briony Tallis, de 13 anos, vê a irmã Cecilia despir-se e mergulhar na fonte que existe no jardim da sua casa.
É também observada por Robbie Turner, um amigo de infância que, à semelhança de Cecilia, voltou há pouco tempo de Cambridge. Depois desse dia, a vida das três personagens terá mudado para sempre. Robbie e Cecilia terão ultrapassado uma fronteira que, à partida, nem sequer imaginavam e tornar-se-ão vítimas da imaginação da irmã mais nova. Briony terá presenciado mistérios e cometido um crime que procurará expiar ao longo de toda a sua vida.
Expiação é, porventura, a melhor obra de Ian McEwan. Descrevendo de forma brilhante e cativante a infância, o amor e a guerra, a Inglaterra e a situação de classes, contém no seu âmago uma exploração profunda – e muito comovente – da vergonha, do perdão, da expiação e da dificuldade da absolvição.» Fonte: Webboom
É também observada por Robbie Turner, um amigo de infância que, à semelhança de Cecilia, voltou há pouco tempo de Cambridge. Depois desse dia, a vida das três personagens terá mudado para sempre. Robbie e Cecilia terão ultrapassado uma fronteira que, à partida, nem sequer imaginavam e tornar-se-ão vítimas da imaginação da irmã mais nova. Briony terá presenciado mistérios e cometido um crime que procurará expiar ao longo de toda a sua vida.
Expiação é, porventura, a melhor obra de Ian McEwan. Descrevendo de forma brilhante e cativante a infância, o amor e a guerra, a Inglaterra e a situação de classes, contém no seu âmago uma exploração profunda – e muito comovente – da vergonha, do perdão, da expiação e da dificuldade da absolvição.» Fonte: Webboom
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Terminei a leitura do "Mapa do Criador", de Emilio Calderón. Não posso dizer que fiquei amplamente desiludida, mas estava à espera de mais qualquer coisinha.
A história tem potencial. O enredo decorre durante a Guerra Civil Espanhola e durante a Segunda Guerra Mundial. O mote é a existência de um mapa, supostamente executado por Deus, que Hitler pretende obter porque lhe dará poderes infinitos. José Maria e Montse, as personagens principais, vem-se envolvidos numa rede de espionagem, que tenta a todo o custo que o mapa chegue às mãos erradas.
No entanto nada do que pensamos ser real, o é. A história dá uma reviravolta final que podia ter salvado o livro, mas que acaba por lhe dar apenas um final.
Ou seja, é realmente uma história, e nem sequer posso dizer que é uma má história: o fundamento é bom! No entanto não desperta muito interesse, e é difícil um grande envolvimento com o livro. É um daqueles livros, que não deixa marca. E assim, sem quase dizer nada, acho que acabei por dizer tudo, porque não há nada pior do que uma história com potencial, que se perde pelo meio, que não capta a atenção do leitor, e que ainda por cima, não o deixa triste quando acaba.
As minhas desculpa ao escritor, que de certeza deu o seu melhor, mas que realmente precisa de dar mais, muito mais.
A história tem potencial. O enredo decorre durante a Guerra Civil Espanhola e durante a Segunda Guerra Mundial. O mote é a existência de um mapa, supostamente executado por Deus, que Hitler pretende obter porque lhe dará poderes infinitos. José Maria e Montse, as personagens principais, vem-se envolvidos numa rede de espionagem, que tenta a todo o custo que o mapa chegue às mãos erradas.
No entanto nada do que pensamos ser real, o é. A história dá uma reviravolta final que podia ter salvado o livro, mas que acaba por lhe dar apenas um final.
Ou seja, é realmente uma história, e nem sequer posso dizer que é uma má história: o fundamento é bom! No entanto não desperta muito interesse, e é difícil um grande envolvimento com o livro. É um daqueles livros, que não deixa marca. E assim, sem quase dizer nada, acho que acabei por dizer tudo, porque não há nada pior do que uma história com potencial, que se perde pelo meio, que não capta a atenção do leitor, e que ainda por cima, não o deixa triste quando acaba.
As minhas desculpa ao escritor, que de certeza deu o seu melhor, mas que realmente precisa de dar mais, muito mais.
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Será possível que aquele lugar que conhecemos como "casa", deixe de o ser à custa das circunstâncias da vida?
E se não pertencemos à casa que conhecemos desde sempre, onde pertenceremos? E se não podemos voltar para "casa", onde vamos encontrar conforto quando a vida não nos corre de feição?
E se não pertencemos à casa que conhecemos desde sempre, onde pertenceremos? E se não podemos voltar para "casa", onde vamos encontrar conforto quando a vida não nos corre de feição?
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