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De tantas vezes ir a Barcelona em livros, sinto que já conheço a cidade que nunca visitei.
A Sombra do Vento arrebatou-me a mente e o coração. Nem sei por onde começar. Se pela escrita maravilhosa de Carlos Ruiz Záfon, que descreve com uma exactidão fantástica e que caracteriza tão bem as personagens que ficamos com a sensação que as conhecemos. Ou pela história. Uma trama que dá voltas e reviravoltas, preenchendo espaços e apanhando todas as pontas soltas, de modo a construir um romance maravilhoso.

A promessa era um livro sobre livros. O resultado foi ainda melhor. É um livro sobre a esperança e a coragem. Sobre o amor, a compreensão. E sobretudo sobre o perdão.

Mais um a não perder. É indispensável para uma biblioteca que se preze de tal nome.

«Bea diz que a arte de ler está a morrer muito lentamente, que é um ritual íntimo, que um livro é um espelho e que só podemos encontrar nele o que já temos dentro, que ao ler aplicamos a mente e a alma, e que estes são bens cada dia mais escassos.» A Sombra do Vento, Carlos Ruiz Záfon

Imagem: allposters

Visões de Poeta

Amigos cento e dez, e talvez mais,
Eu já os contei. Vaidades que eu sentia!
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais.

Amigos cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que eu, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente.
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.

-Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver...
Que cento e nove impávidos marotos!

Os Amigos, Camilo Castelo Branco

Juliet Marillier

«Passada no crepúsculo celta da velha Irlanda, quando o mito era Lei e a magia uma força da Natureza, esta é a história de Sorcha, a sétima filha de um sétimo filho, o soturno Lorde Colum, e dos seus seis amados irmãos.
O domínio de Sevenwaters é um lugar remoto, estranho, guardado e preservado por homens silenciosos e Criaturas Encantadas que deslizam pelos bosques vestidos de cinzento e mantêm armas afiadas. Os invasores de fora da floresta, os salteadores do outro lado do mar, os Bretões e os Viquingues, estão todos decididos a destruir o idílico paraíso. Mas o mais urgente para os guardiões é destruir o traidor que se introduziu dentro do domínio: Lady Oonagh, uma feiticeira, bela como o dia, mas com um coração negro como a noite. Oonagh conquista Lorde Colum com os seus sedutores estratagemas,; mas não conseque encantar a prudente Sorcha. Frustrada por não conseguir destruir a família, Oonagh aprisiona os irmãos num feitiço que só Sorcha pode quebrar. Se falhar, continuarão encantados e morrerão!
Então os salteadores chegam e Sorcha é capturada, quando está apenas a meio da sua tarefa... Em breve vai ver-se dividida entre o seu dever, que lhe impõe que quebre o encantamento, e um amor cada vez mais forte, proibido, pelo senhor da guerra que a capturou.» Fonte (imagem e texto): Bertrand

Se tivesse passado por este livro numa livraria, nunca o teria lido. Pensava que não faria o meu género que não iria gostar. Mas os preconceitos nunca são válidos.

Li de um fôlego, adorei, e só me resta esperar pelo segundo volume da trilogia, "O Filho das Sombras".

Só me falta mesmo agradecer à Canochinha, pela excelente sugestão. Do preconceito, nasceu mais uma fã.

A Caça ao Livro, claro!

De 24 de Maio, a 10 de Junho. Em Lisboa, no Parque Eduardo VII e no Porto, no Pavilhão Rosa Mota.

Ficamos à espera das vossas sujestões, porque a Constelação sugere, mas também gostaria de saber quais as vossas preferências! O que pensam comprar, e quais os livros que mais os marcaram até à data.

Boas Compras, e Boas Leituras!

Das sempre vossas, Alcor e Mizar.

(Con)Textos VIII

«Gostar de um livro passa, por exemplo, por chegar ao fim e apreciar a sua mensagem. Gostar de ler um livro é apreciar cada momento, desde a primeira linha até ao último ponto final. Gostei especialmente da esperança cândida que este livro me inspirou e da fé na magia das relações humanas.» Escrito por Lady Mizar, na sua opinião acerca do livro "As Pontes de Madison County"

Devia estar a escrever a minha opinião a este livro. Mas a Mizar já o fez (link). E depois das palavras dela, não há muito mais a dizer.
Li as Pontes de Madison County numa hora e meia. Mesmo com sono e a trocar os olhos de cansaço, não consegui parar.
Tenho o livro a abarrotar de post-its, a marcar as passagens mais deliciosas. É difícil escolher uma. Mais depressa transcreveria o livro todo!
No entanto, vou deixar aqui duas transcrições. Têm a minha garantia de que vale muito a pena lê-las, apesar de serem um bocadinho extensas.

«E por fim descobria o significado de todas as pequenas pegadas em todas as praias desertas por onde alguma vez caminhara, e de todas as cargas secretas levadas por navios que jamais haviam navegado, de todos os rostos velados que o viam passar por ruas sinuosas de crepusculares cidades. E como um grande caçador de outros tempos que tivesse viajado em terras distantes e agora visse o brilho das fogueiras da sua pátria, a sua solidão desvaneceu-se. Finalmente. Finalmente. Vinha de tão longe. E jazia sobre ela, perfeitamente realizado e inalteravelmente completo no seu amor por ela. Finalmente. Ao amanhecer, ergueu-se ligeiramente e disse, olhando-a nos olhos: -É por isso que estou aqui neste planeta, neste momento, Francesca. Não é para viajar nem para tirar fotografias, mas para te amar. Agora sei-o. Tenho estado a cair da beira de um lugar muito grande, muito alto, algures no passado, durante mais anos dos que os que vivi nesta vida. Durante todos estes anos, estive a cair para ti.»

«-Robert, de uma certa e estranha maneira eu pertenço-te. Eu não queria que assim fosse, não precisava disso, e sei que não era essa a tua intenção, mas foi o que aconteceu. Já não estou sentada ao teu lado, mas aqui, sobre a erva. Tens-me dentro de ti, como uma prisioneira voluntária. Ele replicou: - Não tenho a certeza de que estejas dentro de mim, ou de que eu esteja dentro de ti, ou de que me pertenças. Pelo menos não é isso que eu quero. Acho que estamos ambos dentro de outro ser que criamos e que se chama "nós". Na verdade não estamos dentro desse ser. Somos esse ser. Ambos nos perdemos a nós próprios e criámos outra coisa, algo que existe apenas como uma união de nós os dois.»

Infinitamente belo. Dos mais belos que li até hoje.

Terminei o "Duplo Crime", o quarto livro da autora editado no nosso país. Não gostei especialmente.
Acho que a autora anda aos solavancos. O primeiro livro, "O cirurgião" é fantástico, só mesmo superado pela "Pecadora", o terceiro. Os restantes parecem-me cópias imperfeitas daquela que para mim é a melhor escritora de policiais da actualidade: Patricia Cornwell.

Patricia Cornwell criou várias personagens, que animam as séries que escreve. De entre elas, a principal é Kay Scarpetta, uma patologista forense, que investiga a origem dos crimes que levaram à morgue os corpos das pessoas a quem realiza as autópsias.
O segundo livro de Tess Gerristen, "O Aprendiz" lembra-me o 3º livro da série Scarpetta ("Tudo o que resta"). E o 4ª livro, centrado na Patologista Forense Maura Isles, lembra toda a saga Scarpetta de Patricia Cornwell.

Para além das personagens principais serem ambas patologistas forenses, existem outras semelhanças.
-Têm ambas um extraordinário jeito para a culinária;
-Uma secretária de meia-idade, preocupadissima com o seu bem-estar;
-Problemas com o sexo masculino! Ambas são divorciadas porque o ex-marido era uma pessoa desprezível!
-Conduzem carros potentes e seguros (só a marca é que difere!)
-Vivem em bairros tranquilos e ricos!

A única diferença é a fisionomia. Uma é loura e a outra morena (e este post encaminha-se para as canções de Marco Paulo!)

A personagem de Tess Gerritsen já estava inventada: chama-se Kay Scarpetta, e é fruto da imaginação de Patricia Cornwell.

Enquanto Gerritsen usou outras personagens para o desenrolar dos seus livros (como a detective Jane Rizzoli), as histórias podiam ter futuro. A partir do momento em que centrou os livros em Maura Isles, perdeu-se em terrenos pantanosos, arriscando-se a ser acusada de plágio. Aliás, admira-me, que num país que leva tanto a sério os direitos de autor (veja-se o caso Dan Brown!) ainda ninguém tenha reparado nisto!

«Verão de 1870. Dois escritores, Eça e Ramalho. Ramalho é raptado. O desafio está lançado. Escrever um policial a quatro mãos para o Diário de Notícias. Será que a história que criaram como ficção é baseada num caso real? Esta é a pergunta que sustenta o conflito entre estes dois escritores, e os afasta num duelo quase mortal entre Sintra e Malta. O folhetim avança, e com ele ameaças, duelos, sexo e intrigas. Lisboa está em alvoroço. Todos se tomam pelo conde atraiçoado. Os crimes sucedem-se numa história onde o amor é mais forte do que a tradição, a intriga escapa às evidências e tudo corre freneticamente, como num jogo.» Cinema PT

Sala de cinema vazia. Completamente vazia. Hora de futebol e filme português em exibição. Alcor e Mizar, sentadas no fundo, a resmungar contra os longos minutos de publicidade, a aguardar com expectativa o começo do filme.

O início não desilude...

Maravilhosamente realizado, com personagens extremamente bem escolhidas, este filme é uma inovação na arte de filmar e contar uma história à portuguesa. Jorge Paixão da Costa, realizador, mostra-nos como um bom livro e uma extraordinária imaginação podem levar ao nascimento de uma obra prima.

Um filme português como nunca se viu.

Deixamos aqui algumas imagens desta maravilhosa película, todas retiradas do site "Filmes de Fundo, O Mistério da Estrada de Sintra", ao qual vale a pena ir dar uma vista de olhos, porque tem uma rica quantidade de informações acerca da produção, das personagens e da história.

Ramalho (António Pedro Cerdeira) e Eça (Ivo Canelas)

Capitão William Rytmel (James Brown) e Condessa de Valadas (Bruna di Tullio)

Terminei de ler “A Filha do Capitão”. No entanto, ao contrário da minha adorada Alcor e correndo o risco de ninguém partilhar a minha opinião, não consegui apaixonar-me pelo livro.
Gostei de conhecer a origem da palavra lãzudo, de reconhecer a boçalidade da vida no Portugal interior, de saber que em tempos de guerra inimigos confraternizaram no campo de batalha e gostei principalmente de ser transportada para a época do aparecimento do primeiro automóvel e da primeira equipa de futebol.
Ainda assim, apesar dos numerosos pormenores interessantes, senti que a história se ia arrastando pelas 637 páginas do livro, para no final eclodir em meia dúzia de linhas.
E foi com uma sensação de esvaziamento que li a tão aclamada história de amor que, envolta num cenário de guerra tão carregado, não teve espaço para existir.
Desenganem-se os cépticos. O livro está brilhantemente escrito e mais uma vez José Rodrigues dos Santos cumpre com a maior das facilidades a sua peculiar função pedagógica de nos ensinar história.
É caso para dizer: “O problema não és tu, sou eu”. E neste caso é verdade: Simplesmente não gostei do livro porque não gosto de livros sobre guerra.

A Sombra do Vento

«A Sombra do Vento" é um mistério literário passado na Barcelona da primeira metade do século XX, desde os últimos esplendores do Modernismo até às trevas do pós-guerra. Um inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros, num crescendo de suspense que se mantém até à última página.»

«Ainda me lembro daquele amanhecer em que o meu pai me levou pela primeira vez a visitar o Cemitério dos Livros Esquecidos. Desfiavam-se os primeiros dias do verão de 1945 e caminhávamos pelas ruas de uma Barcelona apanhada sob céus de cinza e um sol de vapor que se derramava sobre a Rambla de Santa Mónica numa grinalda de cobre líquido.

-Não podes contar a ninguém aquilo que vais ver hoje, Daniel - advertiu o meu pai. - Nem ao teu amigo Tomás. A ninguém.» Fonte: A sombra do Vento, Carlos Ruiz Zafón

Depois de inventada esta nova religião que é a dos Livros, e dos seus acérrimos seguidores, eis que se impõe um pedido especial a esta Santa, assim em forma de oração, recomendada aos carissimos leitores sempre que se aproximarem de qualquer "Antro de Perdição" (vulgo "Livraria").

«Protegei-me, Nossa Senhora dos Livros, da tentação de gastar dinheiro nesta livraria, uma vez que em casa tenho uma fila de espera para os próximos 2 meses.»

Adoro fazer anos. A primeira coisa que faço é investir em livros!

A Prenda

E eis que o tão esperado chegou!
O quarto livro da escritora Tess Gerritsen, "Duplo Crime", caiu-me nas mãos e colocou em pausa todos os que se encontravam na lista de espera.
Apesar de alguns pormenores que a aproximam da raínha do policial, Patricia Cornwell, a história deste pareceu-me inovadora e cativante.

«Depois das aventuras partilhadas em "O Cirurgião", "O Aprendiz" e "A Pecadora", a dupla volta a unir esforços para descobrir o serial killer que escolhe mulheres grávidas como vítimas a torturar. Enquanto Jane Rizolli, a expedita detective de homicídios, vive ela própria os últimos meses de gravidez - tornando-se também ela um alvo - a sua parceira de investigação, Maura, parece correr um perigo ainda maior. Sem saber que tinha uma irmã gémea, efectua a autópsia ao corpo dessa irmã desconhecida. Profissional experiente não deixa ainda assim de tremer face a um corpo que é em tudo igual ao seu. Os testes de ADN comprovam o seu parentesco e a data de nascimento é igual. Maura vê-se forçada a voltar ao seu próprio passado – aos negros mistérios que sempre evitara. Visita a verdadeira mãe, um mulher fria e distante, que se faz passar por esquizofrénica, e lhe lança uma ameaça... O que aconteceu à sua irmã pode acontecer a elaFonte: Circulo de Leitores

Boas Leituras!

(Con)Textos VII

«Eu era sempre o primeiro a saltar para o cais; nunca punha o pé entre duas lajes da calçada; gostava de adivinhar que o número de cápsulas de garrafas espalhadas pelo chão dos cafés era sempre um número impar e não me enganava. Tive até a sorte de poder escrever o seu nome com as letras das matrículas dos cinco primeiros táxis com que me cruzei. Consegui atravessar a passagem subterrânea de Karaköy de uma ponta à outra, sem respirar. Fui postar-me diante as janelas do seu apartamento em Nisantasi e contei até nove mil sem me enganar. De entre os meus amigos deixei de falar com aqueles que não sabiam que o seu nome significava ao mesmo tempo Deus, alma gémea e bem-amada. Ao reparar que os nossos nomes rimavam – Janan, Osman -, compus uma pequena lengalenga melodiosa destinada a embelezar o nosso convite de casamento já impresso na minha imaginação. Telefonei para casa de Janan vinte e oito vezes, disfarçando sempre a voz, adaptando-a a vinte e oito identidades diferentes, e nunca voltava a casa sem ter invocado o seu nome trinta e nove vezes utilizando letras que ia buscar a cartazes e reclamos luminosos.» Orham Pamuk, A Vida Nova

Amor arrebatador, ou simples paranóia sufocante??? Eu apostaria na segunda hipótese...

Créditos da imagem

Para Um Intervalo

Depois de umas leituras sérias, e apesar de dois livros ainda em atraso (Ainda vou ler as Viagens na minha Terra e As Pontes de Madison County!) resolvi fazer um intervalo. Não há nada como uma boa conspiração a um ritmo frenético para descansar os ânimos!

O livro escolhido foi "O Confessor" de Daniel Silva. Apesar da ressalva do autor no fim do livro, não consigo deixar de pensar que algumas coisas que ele descreve são bem possíveis. A forma como a igreja católica lida com os assuntos, deixa transparecer uma ideia de segredos e conspirações. Murmúrios e olhares cúmplices devem ser o "pão nosso de cada dia" nos corredores do Vaticano.

A história gira à volta de um segredo. Um segredo que pode deixar a igreja em apuros e que está prestes a ser revelado: será que a forma como lidaram com as deportações dos Judeus durante a 2ª guerra mundial foi correcta? Será que o silêncio com que trataram o assunto não legitimou os Nazis? E será que esse silêncio não terá sido no fundo, uma forma de vingança contra o povo que "matou" Jesus?

Uma história bem estruturada, uma boa leitura para encontrar tempos mais calmos, e passar uns bons momentos. No entanto, não posso deixar de referir aquele que é odiado por uns e amado por outros: Dan Brown. Lembro-me do final de "O Código Da Vinci", onde a verdade permanece escondida à frente de todos de um modo tão sagaz, mostrando que a até a curiosidade tem limites.

Daniel Silva só peca por uma coisa: o final idílico, onde a verdade é assumida, os maus da fita têm o que merecem e a vingança alcança os seus objectivos.

Atar Pontas Soltas

Só hoje terminei o "Norwegian Wood" de Haruki Murakami. O link remete para o 4º post escrito neste Blog. O primeiro livro que decidimos ler.
A Mizar leu, deixou-nos a sua opinião e eu deixei-me arrastar, fui lendo outras coisas, até que decidi atar aquela ponta solta, que desde há muito pesava nas minhas costas.
Depois de tantos meses parado na página 152, de Sábado até hoje, avancei até à palavra Fim. A verdade é que não foi um livro difícil de ler. Mesmo em inglês, as palavras fluem a um ritmo rápido e preciso e a história desenrola-se com suavidade.
O cenário é Tóquio. Uma cidade imensa, anónima, onde qualquer um pode passar despercebido.
As personagens de Murakami são claramente produto do sítio onde vivem. Negras e tão sombrias como nevoeiro.

Este não é um livro fácil. É fácil lê-lo. O difícil é perder a sensação que nos envolve depois de o terminarmos.
Não sei se já vos aconteceu acabar de ler um livro e ter dificuldade em perder aquelas personagens, aquelas vivências e ambientes? Este é um desses livros. No entanto, o lugar onde ficamos é frio e viscoso como lama. Agarra-se à nossa pele, e custa a sair, ao ponto de ficarmos num lugar que não conhecemos. Completamente sozinhos. Completamente submergidos naquela tristeza, ao ponto de sentirmos que perdemos algo, sem saber bem o que perdemos.

A Fúria das Vinhas

"Quem subir ao alto de Vargelas ficará com a certeza de que chegou ao ponto mais belo do céu. O Douro visto daquele píncaro é o Paraíso prometido em todas as lições de catequese. É grandiosamente belo! As montanhas entrelaçam-se, magníficas, para, de repente se escancararem em vales matizados com a paleta de verdes e castanhos que Deus inventou. E pelas encostas as quintas vão pintalgando de branco o silêncio majestoso por onde o rio serpenteia." "A Fúria das Vinhas", Francisco Moita Flores
Uma lista de espera tão grande, e no entanto, não resistimos a comprar este! Fica a aguardar a vez, enquanto um formigueiro de curiosidade percorre os nossos dedos.
Entretanto, Boas Leituras!

A Vida Nova

“Um dia li um livro, e toda a minha vida mudou”

Terminei “A Vida Nova” de Orhan Pamuk. Não posso mentir. A minha opinião mantêm-se: os livros simples, que transmitem mensagens simples, são claramente os meus preferidos. Não é por serem fáceis de ler. É apenas pelo facto de a mensagem não se perder por caminhos travessos!
Se não fosse a persistência, já tinha desistido deste livro há muito tempo. O ritmo esquizofrénico da escrita, os acidentes de autocarro, a busca incessante de uma vida nova de um modo tão inusitado, estavam a impedir a compreensão da mensagem.

No entanto, chegar ao fim, tem as suas vantagens.

Sem estragar o final de quem ainda não leu o livro, posso dizer que a Vida Nova é uma quimera. Entra aqui aquilo que muitas pessoas deixam passar ao lado e que no fundo é a velha máxima pela qual devíamos reger a nossa vida:

-Mais importante que possuir coisas, pessoas ou afins, é olhar pela janela e ver o sol a brilhar, mesmo que esteja céu nublado. E mesmo que não tenhamos janela, é olhar pela porta. E se vivermos numa cave escura é sair à rua e olhar para céu. No fundo, é valorizarmos o que temos e não perdermos a vida à procura de algo que não sabemos se existe. É tirar partido de todas as coisas que nos rodeiam, sem nos arrependermos do que fizemos e muito menos sem nos interrogarmos constantemente se tomamos a decisão certa.

A Vida Nova não existe. E no entanto, está ao alcance dos dedos… se desejarmos alcançá-la.

Pamuk ensina-nos isso neste livro. Pode não ter escolhido a melhor maneira para o fazer, mas não lhe posso tirar o mérito. No fundo, foi a forma que ele arranjou para passar a sua mensagem.

Causa de Morte

Andava à procura de um texto de apresentação para mais um livro de Patricia Cornwell e fiquei abismada com as incongruências que encontrei. A Editorial Presença, responsável por esta colecção subverte o livro, alterando personagens e enredo.

O que é importante reter sobre mais um ponto alto desta escritora é o facto de tudo começar com a morte de um jovem repórter da Associated Press perto de um estaleiro desactivado que andava a investigar clandestinamente. Scarpetta, a destemida investigadora forense, mergulha nas frias àguas sozinha, para investigar a cena do crime.
Descrito um ponto de tensão logo no início do livro, a história vai fluindo, com o aparecimento de pistas que ligam o crime a uma paranóica seita religiosa.

As personagens são as habituais: Scarpetta, Lucy, Marino e Benton, reunidas em mais um apaixonante livro.

O 7º livro desta colecção. A não perder.

Boas leituras!

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